Projeto Barão do Serro Azul:

Recomposição Histórica de um Herói

Século XIX

O Paraná do Século XIX

O Século XIX, na então Quinta Comarca de São Paulo, é marcado por uma série de acontecimentos basilares que darão a dinâmica para os períodos históricos que seguirão. Nas duas primeiras décadas, destacam-se os movimentos pela emancipação e pela instituição de ordens administrativas.  As mudanças havidas com a Independência do Brasil, refletiu-se na pequena elite de então, atos corajosos em favor da liberdade do território. Ao mesmo tempo, nos Campos de Guarapuava, são exaustivamente feitas ações para a garantia portuguesa na região, tendo sucesso. 

Ao falarmos da era oitocentista na “Terra dos Pinheirais”, podemos periodizar os fatos e contextos históricos em dois momentos: pré e pós emancipação do Paraná.

 

O Paraná Comarca

Partindo da primeira à quinta década, este período caracteriza-se pelas conquistas por parte dos portugueses, do último do território, no Terceiro Planalto, até então habitados pelos povos originários. 

Acontece a afirmação dos Campos Gerais como um polo pastoril e de importância geográfica de destaque (tropeirismo), ao passo que a atividade extrativista (erva-mate e madeira) será  responsável pela formação de uma elite que comandará os ditames econômico e político local. 

Nas décadas que seguiram, fenômenos políticos como os primeiros proclames pedindo a separação da Comarca com a Guerra dos Farrapos e a Revolução Liberal de Sorocaba, são fatores que impulsionaram a Emancipação Política. Notamos também a preocupação em criar destacamentos de civis para a segurança das cidades, como as milícias, Guarda Nacional dentre outras. 

A transferência da Sede da Comarca para Curitiba, até então locada em Paranaguá. Vários são os cronistas e escritores que declinam os fatos deste período, mas sempre nos é o maior referencial Antônio Vieira dos Santos. 

O Paraná emancipado

Uma vez emancipada a Província, vem à tona a preocupação em criar instrumentos estruturais de bem-estar social e de ordenamentos no que tange os organismos públicos, como segurança, espaços para resguardar a memória, instrução públicas como escolas e bibliotecas. A imprensa nasce destinada à publicação de atos oficiais e surgem no litoral e na capital periódicos de cunho político, dos partidos Conservador e Liberal, defendendo as suas ideias, sobretudo nas últimas décadas, promovendo a campanha abolicionista e republicana.

Neste período, a então Província do Paraná começa a descortinar-se e a gozar de sua autonomia, explosões de periódicos e obras, como Estrada da Graciosa e Estrada de Ferro do Paraná, viabilizando mais o escoamento das nossas riquezas via Porto de Paranaguá, bem como da Estrada do Mato Grosso, além de elevações de vilas e cidades.

Marcam também, as levas imigratórias europeias, a urbanização da Capital, juntamente com a navegação fluvial comercial, coloca o Paraná no cenário internacional, com a exportação dos commodities nativos. No campo intelectual, iniciam-se movimentos artísticos, nas artes visuais, literatura  e música, que irão tomar corpo no Século seguinte.

Lembremo-nos que nem tudo são flores; apesar ser pouco propalado na tradição comum, o Paraná foi escravocrata, tanto com Negros africanos, quanto com o gentio (indígena), aspectos que trataremos aqui, embora antes mesmo da Lei Áurea, muitas foram as alforrias concedidas.  Com a abolição da escravatura disparam o  número de Núcleos Coloniais por todo o Estado, e nos arreadores de  Curitiba, que hoje converteu-se em bairros.

A nobiliarquia paranaense começa a ser formada, ainda que tardia em relação a outros estados.  A titulação dos Barões, reafirmam a posição de destaque que as oligarquias ja ocupavam, ante o mandonismo nos ditames da política, onde quem tem a terra, tem o dinheiro e o poder. Quase todos os títulos serão outorgados na pós visita de D. Pedro à Província em 1880.  

 

O Paraná em chamas

O último decênio foi marcado pelas agitações políticas resultantes da fragilidade da Monarquia e consequente Proclamação da República, que colocará o Paraná no cenário nacional da consolidação do novo regime.

A eclosão da Revolução Federalista no Paraná é marcado pela rivalidade dos Federalistas contra Republicanos, eclode as batalhas no litoral e no Planalto, com destaque para o Cerco da Lapa.

Vencido o “inimigo” a ordem republicana age com mão de ferro em uma verdadeira “caça às bruxas”, momento em que a vingança sob a bandeira da justiça será feita na bala e na degola. Neste contexto, culmina com a morte do Barão do Serro Azul e seus companheiros.

Nos anos finais de oitocentos o Estado em consternado luto irá ficar relegado ao poder central. Superaremos nossa moral somente no Século XX, com a fundação da Universidade do Paraná.  

MORRE O HOMEM E FICA O SEU LEGADO!

Escravidão negra no Paraná

No censo comum, ou nos escritores seletivos, pouco ou nunca discorrem sobre a escravidão negra no Paraná. Sob o manto da “terra  de toda as gente”, leia-se  europeus imigrantes à partir da segunda metade do Século XIX e avante no Século seguinte, apagou a ideia que fomos um território com uma presença marcante de Negros Cativos. Aliás, a ideia justamente era esta a nível nacional, embranquecer a Nação que há muito estava negra e parda. Hoje na Capital, movimentos sociais e no ambiente acadêmico, aos poucos as fontes e a História deste povo passa a ser contada. 

Analizando a conjuntura econômica do Paraná Tradicional, veremos que o trabalho nos currais e no cultivo da erva mate, necessitava de pouca mão-de-obra cativa. Porém somente este argumento solto ao vento não sustenta-se.. É a partir da década de 1960 /70 que pioneiramente Cecília Westphalen e Altiva Balhama, iniciam os estudos desta natureza, baseado em fontes documentais de recenseamentos e inventários,nos dão a dimensão o quão escravocrata foi o Paraná Comarca e o Paraná Província. 

Como sabemos a sustentação do sistema colonial e Imperial estava calcada na mão-de-obra escravocrata em todo o território nacional. Porém em estudos recentes, veio à luz o ajuntamento de negros nas propriedades do litoral aos Campos Gerais. Desde a época de Pardinho, no Século XVIII, até as vesperas da abolição. Os levantamentos feitos, sempre dão conta do trabalho escravo nas Fazendas, portanto, não podemos precisar, por carência de fontes, a presença urbana do cativo, mas evidente que ela existiu, como falaremos adiante. 

Já no Século XVII, testamentos de portugueses colonizadores, explicitam que deixam como bens “peças”, à serem arroladas,assim eram  denominados os africanos, coisa que era vendida, ou mesmo alugada, conforme encontramos em diversos anúncios dos periódicos de diversas décadas até 1888. No Levantamento de Bens Rústicos os Senhores de fazenda do Litoral tinham uma média entre cinco a 30 negros cativos, por sítio. Vieira dos Santos, nas suas “Memórias de Paranaguá”, nos conta que por volta de 1850,nos engenhos de Soque de Mate, havia uma média de 30 escravos. O próprio Visconde de Nácar, o grande Senhor de Paranaguá  é conhecido como o maior negociador de escravos da Planície, sem fazer juízo de valor, nem cometer anacronismo, era a realidade da economia da época, portanto, com o decorrer do tempo, mesmo com a proibição do tráfico, Nácar continuava a lucrar com as “peças”. No Planalto de Curitiba e nos Campos Gerais, repetem-se os levantamentos acima mencionados como fontes, empregando o gentio masculino nas lidas xucras e as mulheres como domésticas, servindo às Sinhás. Em um levantamento, muito bem elaborado pela Professora Márcia Graff, por volta de 1850, existam no Paraná, cerca de 16.217 africanos e naturalmente seus descendentes. Fazendo um paralelo com a população pré-imigratória é um número considerável na nossa demografia, tendo Paranaguá e Curitiba como maiores centros.  

O caso da Fazenda Capão Alto

A Fazenda Capão, alto, situada em Castro, sintetizava, como a maior dos Campos Gerais, o formato das demais fazendas criada ao longo do Caminho das Tropas, com criação de gado para a lida campeira e naturalmente com mão-de-obra cativa. Nasce porém no Século XVIII, sendo uma das muitas sesmarias concedidas aos homens-bons da região. Em 1751, passa a ser propriedade da ordem católica dos Carmelitas. Com a reforma da Ordem à partir de 1780, os Freis passaram à ter de retornar às suas bases nos conventos de São Paulo e Rio de Janeiro. E é nesta conjuntura que ocorre um evento mais atípico da Historia do Paraná. Passa então estas terras a serem administrada por escravos do lugar.  “Entre suas argumentações, Mello (2004, p. 120-125) apontou que o absenteísmo dos proprietários carmelitas permitiu aos escravos da Fazenda Capão Alto possibilidades para que se organizassem “mais à sua maneira”, formando famílias e estabelecendo normas de convivência. Talvez por esse motivo não ousassem sair das terras, já que as possíveis punições às desobediências das normas preestabelecidas eram menos rígidas. Outro fator possível foram as uniões duradouras estabelecidas e a multiplicação de rebentos (filhos). Os escravos se casaram e mantiveram famílias. A consolidação de famílias pode ter contribuído tanto para atenuar as diferenças como para proporcionar inserção na comunidade. Possivelmente as uniões conjugais tiveram alguma característica peculiar frente àquelas em que os cativos estavam sob os olhares de seus senhores. Na Fazenda Capão Alto, os trabalhos eram executados pelos próprios escravos, anteriormente instruídos e disciplinados pelos carmelitas. Eram administrados por um cativo escolhido. Ser o escolhido concedia certa posição de destaque na hierarquia social interna. Provavelmente, para o escolhido cativo, manter essa posição não tenha sido uma tarefa das mais simples” (GOMES, 2018). Somente este fato cai por terra a argumentação de alguns que afirmaram que no Paraná não houve escravidão. 

Resistência e irmandades

Além da resistência física, colocando o escravo, como um caso de polícia na Província em diversos relatos, sobretudo do Século XIX, foram criadas ao longo do tempo diversas Irmandades Religiosas dos Negros.

“As principais funções que essas irmandades possuíam se referiam as festividades e aos enterros dos irmãos, além de possuírem funções sociais muito bem esclarecidas, como “ajuda aos necessitados, assistência aos doentes, visita aos prisioneiros, concessão de dotes, proteção contra os maus tratos de seus senhores e ajuda para comprar ou negociar a carta de alforria” (SOUSA JÚNIOR, 2009).

 

“[…] Os compromissos das Irmandades do Rosário e de São Benedito da cidade de Curitiba, do ano de 1851, sendo o Paraná então, ainda uma província de São Paulo. Nesse compromisso, é possível identificar toda uma hierarquia interna dos cargos da Irmandade, e como eram definidos os cargos dos confrades. A morte e as festas religiosas constituem as duas principais presenças nesses compromissos, com a festa sendo o acontecimento principal da confraria no dia 26 de Dezembro, enquanto a morte era tratada com muita seriedade. Na irmandade negra curitibana aqueles que não fossem ao enterro seriam expulsos da corporação, salvo com justificativa coerente. O luxo e a posição social do irmão morto eram refletidos no enterro. Quanto mais pomposo, mais importância o confrade tinha em vida, em relação a irmandade. Os dados nos revelaram mais detalhes sobre a irmandade de Curitiba. Ela pode ser definida como constituída por um grupo formado prioritariamente por escravos homens adultos, cercados por mulheres e idosos. As etnias eram fatores de exclusão. A prática confrarial se ligava a etnicidade como negociação e as identificações étnicas provavelmente serviram como mecanismos de exclusão” (SCIREA, et. al., 2016).

 

Em Paranaguá, a participação dos pretos se faz presente: 

“A Irmandade do Rosário, chamada inicialmente Irmandade de N. Senhora do Rosário dos Pretos.  Os Irmãos de N. Senhora do Rosário dos Pretos uniram-se aos Irmãos da Confraria de São Benedito existente na Igreja das Mercês e juntos levantaram o templo de São Benedito, que ainda hoje existe, em honra de seu Orago, no mesmo local da Igreja das Mercês que se encontrava em ruínas, isto no ano de 1784″ (RIBEIRO, 1978).

 

Na Lapa:

As manifestações culturais religiosas dos “homens pretos” compuseram e compõem a história e cultura da Lapa, no Paraná. A Congada na Lapa é uma das festas populares que compõem o calendário da cidade. É uma festa religiosa e popular que ocorre no mês de dezembro, quando se realizam procissões pelas ruas da cidade até o Santuário de São Benedito, onde a irmandade religiosa beneditina conduz a 9 imagem do santo negro. Nesta festa, ocorre a apresentação da Congada, ou seja, a coroação de um Rei Congo, realizada pela população negra” (SILVA, 2007). 

Ficaram as marcas

Não obstante a participação do negro na cultura do paranaense, incorporada ao longo dos séculos, por povos de outras etnias, a tentativa de obliteração da cultura afro até hoje é existente.Mas ao passar por locais, ao verificar os hábitos, vemos latentes as indeléveis contribuições, como o chafazir da Praça Zacarias, local de encontro dos “pipeiros negros”, à encher toneis de água, nas construções coloniais, erguidas a muque negro, nos Candomblés, tão presentes no Estado, em ícones de nossa cultura, descednetes de afros, mas sobretudo no âmbito acadêmico, onde estudos do tema, frequentemente são produzidos, fazendo justiça ao componente afro na nossa cultura. Desde 2009, temos a famosa “lavação da escada da Igreja do Rosário” em Curitiba, onde Pais e Mães- de- Santo, brancos, reverenciam os negros que ali estiveram.  

            

Fenômeno imigratório

         Este assunto, sem dúvida é o mais tratado na historiografia paranaense. Em detrimento dos que imigraram para cá nos séculos XVII e XVIII, portugueses e negros, há uma extensa valorização do europeu “civilizado”, como mola propulsora do Estado e da capital.

         Ao estudarmos o tema, surgem elementos muito interessantes, que são tratados por alguns autores. Não só como uma narrativa romântica, mas como de fato aconteceu.

         É possível contar esta história, remontando ao período do Primeiro Reinado. O estabelecimento de alemães vindos da Colônia Dona Francisca em Santa Catarina, em 1829, para as bordas da Estrada da Mata, atual Rio Negro, constitui-se no embrião daqueles que viriam meio século depois. Ainda sendo nosso território Comarca de São Paulo, este fenômeno foi um tubo de ensaio para experênciar os que viriam posteriormente.

   Faremos aqui uma análise da conjuntura histórica dos períodos, expondo as contribuições que cada grupo étnico nos deixou como herança cultural, que permanece até a atualidade. 

         Recém emancipada a Província, o cenário social que se achava era ainda o sistema vigente do período da Comarca, as fazendas, os criadores de gado para o comércio com as tropas e por fim, um território à ser povoado. Os fatores de maior importância, que acentuaram a urgência pela política imigratória, podem assim ser descritos:

  • Decadência das fazendas de criação de gado;
  • Preocupação com o “branqueamento” da população; 
  • Mão-de-obra faltante para a agricultura e abertura de estradas.

Em 1855, o Presidente Zacarias, já manifestava a preocupação com a imigração, somente quase vinte anos depois as turbas imigratórias chegarão em massa no território paranaense. Ao contrário de São Paulo, onde chegaram para substituição do trabalho escravo nos cafezais, por dispositivos legais da Província, o europeu passava a ser dono da sua terra, comprando-as por preços módicos. “fazer o colono aderir à terra que habita, pelo direito de propriedade facilitando-lhe a aquisição d’ella. Evitar que o imigrante ao chegar sofra vexames que lhe abatam o animo aos seus primeiros passos em regiões desconhecias”(Lamenha Lins, 15/02/1876).

         Esta afirmação do Presidente Lamenha Lins, é o resultado do processo da assinatura da Lei de Terras, de 1850, onde ainda em vigor estava as grandes propriedades calcadas nas imensas terras doadas pelas Sesmaria, que propiciou o aparecimento do latifúndio. E é justamente, nesta conjuntura que historicamente nominamos de “Desagregação da Sociedade Tradicional”. Doravante, não se podiam invadir terras púbicas, os posseiros, e estabelecer o valor dos terrenos, como também emerge a divisão das fazendas tradicionais em lotes, o que possibilitou preparar o terreno para estabelecer os colonos.

         Após longos debates, no âmbito da Assembleia, a década de 1870, foi o marco inicial do lema “América Portas Abertas”. Na referida década, já figuravam 26 núcleos coloniais ao entorno de Curitiba. Incialmente instaladas num raio de 2 a 17 km da capital. Esta grande primeira leva de colonos, pela política de Lins, estabeleceu o famoso “cinturão verde”, onde se produzia na colônia e comercializava no centro da Capital. Muitas destas colônias, foram mais tarde absorvidas pela urbe, virando bairros, como Santa Felicidade, Orleans, Santa Cândida, Abranches, Pilarzinho, Água Verde, Santo Inácio, Schafer, dentre outros bairros que ainda hoje cada qual mantém seus caracteres, visto nas casas de estilo de imigração e os descendentes ainda vivendo tal qual os outros tempos.  

         Com relação aos Campos Gerais e o Planalto de Guarapuava, em 1877 chegam os primeiros Alemães do Volga, ou Russos Brancos, se estabelecendo na Lapa, Palmeira e Ponta Grossa, passando neste ano mais de mil estrangeiros distribuídos nestas três cidades. Subindo um pouco mais, ao Terceiro Planalto, já nos anos de 1880, 1890 e 1900, foram estabelecidos mais de 40 núcleos, a exemplo de Prudentópolis, Cruz Machado, Senador Correia, Ivaí Vera Guarani, Nova Galícia e Carambeí.

      No raiar do Século XX, o Paraná acolhe os orientais, sírio-libaneses e japoneses, estes para o Norte Pioneiro, onde despontava a cultura do café. Cabe salientar que no surto de carências de trabalho para a cultura cafeeira, migraram para o Paraná, mineiros, paulistas, em grande quantidade, somente nos anos 1950, completaria o quadro demográfico do território paranaense gaúchos na Região Sudoeste. No numerário oficial, foram registrados mais de cem mil imigrantes, em um século de colonização. O elemento cultural de cada etnia, irá imprimir sua contribuição para o mosaico cultural que é o Paraná de hoje.

            

As referências visuais do Paraná do séc. 19

Linha do Tempo

1801 – Notícias dão conta de 34 arrobas de café plantado no  litoral paranaense são exportadas para o Rio de Janeiro.

1803 – Toma posse na Câmara de Curitiba, Antônio Ribeiro de Andrade, o último Capitão-Mór da cidade. O Cargo de Capitão-Mór era exercido por um cidadão que tinha a autoridade máxima na sua jurisdição. Era ele a figura da lei no amplo sentido, civil e criminal em nome do Rei.

1808 – Com a chegada da Família Real ao Brasil, é requisitado à Curitiba o envio carne e gêneros alimentícios, para suprir as necessidades da nova Corte no Rio de Janeiro.

1809 – Nasce em Paranaguá o Comendador Manoel Francisco Correia Júnior. Trabalhou em prol da emancipação política da Província. Foi agraciado com a Comenda da Ordem da Rosa. 

Diogo Pinto de Azevedo Portugal comanda a Real Expedição e Conquista dos Campos de Guarapuava.

1811 – Primeira petição da Câmara de Paranaguá, ao Príncipe Regente, para a Emancipação Política do Paraná. 

1812 – Em sessão na Câmara Municipal de Curitiba, o Engenheiro Antônio Pereira Rebouças Filho, lê ofício pedindo à municipalidade um terreno para a construção da futura Estação Ferroviária.

É transferida para Curitiba a Sede da Quinta  Comarca de São Paulo. De alguma forma desde esta época Curitiba torna-se Capital.

1813 – Nasce em Paranaguá o Visconde de Nácar. 

1820 – Saint Hilaire, naturalista francês, visita o Paraná deixando preciosos registros da Província. 

1821 – Conjura Separatista, pela criação da Província do Paraná, liderada por Bento Viana. Primeiro engenho de soque do Paraná, estabelecido em Paranaguá, do argentino Francisco Alzagaray. 

1827 – Criação da Alfandega e sua Mesa de Consulado em Paranaguá. Já nessa década o mate representava a principal produto de exportação.  

1829 – Chegadas dos primeiros alemães no Paraná, no Rio Negro. Política de povoamento do sertão. 

1830 – Registra-se mais de 34 senhores de engenho de mate na Província. 

1882 – Início da navegação do Rio Iguaçu. 

1838 – Foi elevada à Freguesia a Capela da Matta (Rio Negro) 

1840 – General Pedro Labatut é destacado para proteger no Rio Negro, possíveis colunas da Guerra dos Farrapos. Em Curitiba, o mesmo persegue e prende todo aquele que é simpático à causa revolucionária.  

1841 – Proposição do Barão de Monte Alegre e do Barão de Antonina para a Emancipação Política do Paraná, mais uma vez foram infrutíferas.  

1845 – Nasce em Paranaguá, Ildefonso Pereira Correia, Barão do Serro Azul.

1846 – Nasce em Paranaguá Brasílio Itiberê da Cunha.  

1850 – É aprovada no Senado a Emancipação Política do Paraná.

1852 – Às vésperas de sua Emancipação, o Paraná contava com mais de 47 engenhos de matte, somente em Morretes e em Curitiba 29.

1853- 29 de Agosto: Lei que criou a Província do Paraná. 

19 de Dezembro: Instalação da Província do Paraná. 

1846 – Criado o Lyceo de Curitiba

1853 – Em 19 de dezembro, solenemente se instala a Província do Paraná, desmembrada de São Paulo pela lei n °704 de 29 de agosto de 1853. Assume as rédeas da administração, como seu primeiro presidente, o Dr. Conselheiro Zacarias de Góes e Vasconcelos, nomeado por cartas de 17 de setembro. O palácio e a secretária do governo foram instalados no sobrado do Comendador Antônio Alves de Araújo à Rua das Flores, esquina da Liberdade. 

O engenheiro Henrique Beaurepaire Roham é convocado para estudar o traçado novo da estrada da Graciosa.

1854 – Circula, em 10 de abril, a primeira Edição do Jornal “Dezenove de Dezembro”.

É publicada lei que autoriza a construção da estrada da Graciosa, dividida em dois trechos: Curitiba ao Corvo e de Corvo a Antonina.

Entra em vigor o primeiro regulamento sobre a erva mate, assinado pelo presidente Zacarias de Goés. 

João da Silva Machado, conhecido posteriormente como Barão de Antonina, é eleito o primeiro senador do Paraná. 

É realizada a primeira eleição para deputados provinciais do Paraná.

Curitiba é fixada definitivamente, por lei da Assembleia Legislativa, como capital do Paraná. 

1856 – Estreia em Curitiba a Cia. Dramática de Domingos Martins de Souza “fazendo do nada um bom teatro”, com duas peças: “Luiz de Camões” (drama) e “Caixeiro à taverna” (comédia).

1857 – Morre Correia Júnior, responsável por iniciar o movimento emancipacionista do Paraná em sua última fase, com sua proclamação de 1843 e seus requerimentos ao Governo Imperial.

Antonina e Castro são elevadas a categoria de cidade. 

1860 – Pioneiros paulistas e mineiros introduzem o plantio de café no norte do Paraná. 

É publicado o livro ‘Passeio Pela Minha Terra’, de Salvador José Correa, considerado o primeiro livro publicado no Paraná.

É fundada a Colônia Agrícola do Assunguí, com 10 famílias alemãs.

1862 – A Vila de Ponta Grossa é elevada a categoria de cidade. 

1864 – É nomeado para a construção da estrada da Graciosa o eng. Dr. Antônio P. Rebouças.

1865 – Com efetivo de 276 praças, e sob o comando do Major José Artur Murineli, parte de Curitiba o 1° Corpo de Voluntários da Pátria para o Rio de Janeiro, destinados à Guerra do Paraguai.

Em ofício ao Presidente da Província, o Diretor de Obras Públicas comunica a continuação sistemática da exploração dos rios Ivaí, Tibagi e Paranapanema pelos engenheiros José e Francisco Keller,  Gustave Rumbelsperger e Frederico Hegreville.

1867 – É inaugurada a linha telegráfica, unindo Paranaguá a Capital Federal. 

1868 – São iniciadas as obras do Hospital de Caridade de Curitiba, iniciativa da Irmandade de Misericórdia de Curitiba, orçadas em cem contos de réis.

1869 – Ildefonso Pereira Correia inicia suas atividades comerciais em Antonina.  

Em Curitiba, são fundados a Colônia Argelina (com aproximadamente 100 argelinos) e o Clube Concórdia, por iniciativa da comunidade alemã recém chegada. 

1870 – O primeiro número do Jornal “O Dia” é lançado em Curitiba.

Em Paranaguá, com propósitos abolicionistas, é lançado o jornal ‘Operário da Liberdade’. 

72 voluntários da Pátria paranaenses regressam da Guerra do Paraguai.

É criada a comarca da Lapa, enquanto as freguesias de Campo Largo e Rio Negro são elevadas à categoria de vilas. 

Os irmãos Telêmaco e Nestor Borba descobrem as ruínas de “Ciudad Real del Guaira”.

1871 – É inaugurada a ligação telegráfica de Curitiba com o resto do país. 

Curitiba conta com 126.722 habitantes. 

Foi criado o município de Porto de Cima, enquanto Tibagy foi elevada a vila. 

1873 – São concluídas as obras da Estrada da Graciosa. 

São iniciados os trabalhos para a Estrada de Ferro que ligará Curitiba a Paranaguá. 

Foi criada a comarca de Antonina e Morretes, com sede em Antonina.

1874 – Foi inaugurado o Mercado de Curitiba, construção que anos mais tarde foi demolida para dar lugar ao Paço da Liberdade. 

1875Estabelece-se o imposto de 100% por escravo que entrasse para permanecer no Paraná. Esta lei contribuiu para fosse reduzido o número de escravos na província até 13 de maio de 1888.

1876 – Chega a Curitiba o Engenheiro Henrique Rovière, com a missão de medir terras destinadas à colonização por imigrantes. 

Funda-se o Museu Paranaense, o terceiro mais antigo do Brasil. 

1877 – Chegam a Curitiba 715 imigrantes italianos, enquanto 247 russos se destinam a Ponta Grossa.

Na capital paranaense, são assentados os primeiros trilhos do bonde.

1878 – Com a construção da Estrada da Graciosa, Ildefonso Pereira Correa estabelece seu engenho de soque de herva matte em Curitiba. 

Funda-se a Colônia Alexandra em Paranaguá, formada por 60 famílias italianas.

1879 – Foi iniciada a navegação dos rios Iguaçu e Negro.

1880O Paraná recebe o Imperador Dom Pedro II e a Imperatriz D. Tereza Cristina para a inauguração da Estrada de Ferro Paranaguá-Curitiba. A visita incluiu ainda uma passagem pela capital, onde o casal participou da inauguração do Hospital de Caridade da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba. 

A sociedade dramática União Curitibana cedeu ao governo provincial o Teatro São Teodoro, depois Teatro Guaíra.

1881 – Ildefonso Pereira Correia recebe o título de Comendador da Comenda da Ordem da Rosa. 

1882 – É instalado o Clube Curitibano, cujo primeiro Presidente é o idealizador Ildefonso Pereira Correia. 

Foi publicado o primeiro número de ‘A Gazeta Paranaense’, do Partido Conservador. 

Dos 13 milhões de quilos exportados de erva-mate na Província, 6 milhões foram por meio de Ildefonso Pereira Correa e Cia., que tornou-se então o maior exportador mundial da planta.

1884 – O Paraná recebe a visita da Princesa Isabel e seu marido, o Conde D’eu. Por ocasião desta passagem, a Princesa conheceu pessoalmente Ildefonso Pereira Correia, a quem mais tarde concederia o título de Barão do Serro Azul. 

O  governador provincial baixa instrução sobre a arrematação de escravos, excetuados os de menos de 13 anos, que por efeito da lei de 1871 de Visconde do Rio Branco, nasceram livres.

O ano é marcado pela alforria de escravizados no Paraná.

1866 – Funda-se em Curitiba a Escola de Artes e Indústrias do Paraná, sob a direção do pintor português Antônio Mariano de Lima. Esta iniciativa é dada como precursora da Universidade do Paraná. 

Aparece em Curitiba o jornal “A República”, que se propunha a defender a emancipação do elemento servil e as novas ideias políticas. 

1887 – Expandindo seus negócios, Ildefonso empreende com sucesso as serrarias Ildefonso Pereira e Cia. e de Desmarais e Cia. em Piraquara. 

A Câmara de Porto de Cima libertava os escravos ainda existentes na localidade.

1888 – Ildefonso Pereira Correia recebe o título de Barão do Serro Azul, concedido pela Princesa Isabel em louvor a atuação abolicionista do empreendedor e político parnanguara. 

O Clube Militar de Curitiba organiza a Confederação Abolicionista Paranaense, visando à abolição total do elemento servil do município.

Ildefonso Pereira Correia assume como vice presidente da Província.

Inicia-se a exploração de navegação a vapor e condução de cargas no Rio Tibagi. 

Ventos republicanos começam a circular na província, com a realização de eventos e discursos na Assembleia Legislativa.

1890 – É criada a Associação Comercial do Paraná, cujo primeiro presidente foi o Barão do Serro Azul (até 1893).

Julia Augusta de Souza Wanderley requer a matrícula de mulheres no Curso Normal, até então frequentado apenas por homens. Com a permissão concedida, ela foi a primeira mulher a aproveitar o direito.

Foi assinado o primeiro contrato para iluminação elétrica em Curitiba, cujo fornecimento veio da Companhia de Água e Luz de São Paulo. 

Em Curitiba, é realizada a eleição à constituinte republicana do Paraná. 

Foi criada a Impressora Paranaense, uma iniciativa do Barão do Serro Azul. 

Imigrantes italianos fundam a Colônia Cecília em Palmeira. 

O Paraná passa a receber novos imigrantes espanhóis. 

1891 – É promulgada a primeira Constituinte Republicana do Paraná. 

Inaugura-se o trecho ferroviário Curitiba – Lapa.

O presidente da província Generoso Marques foi deposto e uma junta governativa estabelecida para a realização de novas eleições. 

1892 – O Papa Leão XIII cria a diocese de Curitiba, compreendendo o Paraná e Santa Catarina.

Foi criada a Junta Comercial do Paraná, idealizada pelo Barão do Serro Azul. 

O Congresso Legislativo do Estado concedeu, por 50 anos, vantagens ao cidadão José Francisco Rocha Pombo para o estabelecimento de uma Universidade em Curitiba.

A Assembleia Constituinte do Paraná promulga a primeira Constituição Política de Estado. 

1893 – Foi inaugurado o primeiro serviço telefônico de Curitiba.

Em fevereiro, eclode a Revolução Federalista no Rio Grande do Sul.

1894 – Depois de passar por Santa Catarina, tropas federalistas chegam a Curitiba, onde aceitam um acordo financeiro para não assaltar a cidade. 

O Barão do Serro Azul e outros seis companheiros foram  fuzilados em 20 de maio, acusados de traição contra a República por conta do acordo que salvou Curitiba de ser dizimada. 

 

 

Referências Bibliográficas

BALHAMA, A. P., MACHADO, B.P. WESTEPHALEN, C.M. História do Paraná, v. 1. Curitiba: Grafipar, 1969.

CARNEIRO, D. A. S. – Duas conferências sobre a vida e obra de Afonso Botelho de Sampaio e Souza. Curitiba. Edição do autor. 1950.

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A Pesquisa

O Projeto Barão do Serro Azul: Recomposição Histórica de um Herói pesquisa, desde 2015, dados e fatos históricos que conectam a história do Paraná com a trajetória de Ildefonso Pereira Correia, o Barão do Serro Azul, único paranaense inscrito no livro do Panteão dos Heróis da Pátria.

Com a maturidade da pesquisa, percebemos que a melhor forma de apresentá-la era em um formato cronologico, que conferisse a dimensão das transformações e dos principais agentes da história do Paraná ao longo dos séculos.

Você é nosso convidado para explorar e viajar pelo Paraná e seus principais personagens!

Confira o conteúdo que preparamos para cada século.