Ildefonso Pereira Correia poderia ter sido um homem ligado apenas aos seus interesses particulares, mas quis e fez mais: atuou na esfera pública, marcando seu tempo e deixando legado futuro.
Nascido em Paranaguá, em 6 de agosto de 1845, estudou e
aprendeu diversos ofícios, tornando-se o maior empreendedor paranaense do século XIX.
Exerceu cargos políticos, foi um dos fundadores da Associação Comercial do Paraná e inspirou a criação da Junta Comercial do Paraná, bem como participou da implementação de diversos equipamentos públicos, como a Catedral de Curitiba, a Santa Casa de Misericórdia e o Passeio Público.
Com sua esposa, a Nhá Coca (Maria José Correia), formou um casal ímpar. Juntos, buscaram o próximo, a caridade, a criatividade e a cidadania, através da assistência social a diversas instituições.
Como abolicionista convicto, participou de um amplo movimento de libertação gradual de escravos, através da doação e angariação de recursos para a alforria. Tal trabalho, lhe rendeu o título de Barão do Serro Azul, concedido pela Princesa Izabel.
A atuação do Barão durante a passagem da Revolução Federalista por Curitiba, em 1894, salvou a cidade de saques e destruição e, apesar de ter sido realizada com o apoio da população, foi considerada um ato de traição pelo governo nacional. De maneira covarde, o Barão e cinco companheiros foram executados, sem direito a julgamento, na madrugada de 20 de maio de 1894, no KM 65 da Estrada de Ferro que liga Curitiba a Paranaguá.
Por 40 anos, Ildefonso foi tratado pela história como um traidor. Apenas após este tempo, foram realizadas releituras sobre as suas ações e seu lugar de honra na história foi reconhecido. O Barão do Serro Azul foi consagrado como herói por seus esforços em salvar a cidade de Curitiba de saques e outras violências.
É o único paranaense no Panteão dos Heróis da Pátria.
Figuras controversas da História, cujo papel e perfil ainda estão esfumaçados como as noites friorentas e úmidas de Curitiba, e seus nomes viraram grifes de praças, ruas e estátuas, provocaram e provocam discussões muito mais acaloradas que o clima dessas paragens nas rodas de estudiosos, mestres, doutores, universidades ou congressos de algum calibre.
Haja léxico ou conhaque para espantar a neblina de agora, histórica ou não.
Afinal, o que representam para a comunidade paranaense o peito medalhado do Marechal Floriano, aquele “de ferro”, ou o do outro Marechal, Deodoro, esse proclamador da República e primeiro Presidente do Brasil? Sim, têm peso histórico, mas qual? E que peso lhes atribuir como personagens dos períodos pré e pós-Império nas paisagens das araucárias e do serpentear do Iguaçu?
Igualmente, o que representa a gravata de seda do superintendente da Intendência Municipal de Curitiba e depois Senador Vicente Machado, eleito em 1895, esculachado em carta, lida no plenário do Senado, e em presença com todas as palavras desairosas de Maria José Correia, Baronesa do Serro Azul, prima e bela esposa do empresário Ildefonso Pereira Correia?
As dúvidas, pois, permeiam a História, sua maior ou menor provisoriedade, a forma como é transmitida e os interesses que a conduzem e a adornam.
Correia, aliás, é o único dos filhos da terra a figurar entre os componentes do time brasileiro homenageado no Livro dos Heróis, no Panteon da Liberdade e da Democracia, em Brasília. Tiradentes, Zumbi dos Palmares, D. Pedro I e Tancredo Neves, entre outros, são seus companheiros nessa seleta turma e nas páginas desse Livro.
A luz de Ildefonso Correia, o Barão do Serro Azul, era outra. Mesmo vivendo nos anos 1800, iluminou o futuro do Paraná. Isso não discuto, apesar do bate-boca de historiadores, economistas e políticos sobre sua história e trajetória, seus contrários quase sempre estribados no fator de ele ser um defensor do Império ou, para alguns mais desavisados, um imperialista. Faça-se a luz, por todos os meus santos e demônios!
A luz do Barão talvez tenha nascido das chamas da ampla biblioteca que havia em sua casa, construída em 1883, em Curitiba, e quem sabe lhe incendiado o espírito enquanto ele lia, acompanhado de sua esposa, iluminados por lampiões movidos a óleo de peixe. Ou fosse uma luz interior que fazia dele um empresário ousado, que criou a Associação Comercial do Paraná, em 1890, desde seu embrião contrário aos pesados encargos impostos (sem trocadilho) aos comerciantes.
No quentinho de sua biblioteca, que abrigava desde compêndios de economia até aos clássicos, como Homero, Virgílio, Camões ou o padre Antônio Vieira, à filosofia, de Platão, Aristóteles a Descartes, e livros de literatura e ciência, o Barão do Serro Azul acendeu a luz e apontou seu clarão: os encargos estatais são pesados demais para a sociedade, antevendo inclusive esses dias em que estados e municípios vivem de pires nas mãos aos pés do poder central e este lhes devolve migalhas como se fossem favores a quem tem direito.
Já o endossou outro brasileiro iluminado, Lima Barreto, que, em 1922, lançou “Triste país das Bruzundangas”, que espeta fatos incômodos nos tecidos dos cérebros dispostos a conhecer suas palavras. Entre vários que, por esses séculos, repetem essa e outras verdades e sofrem por isso.
Ildefonso Pereira Correia nasceu em Paranaguá, em 1845, um século antes de cessarem os horrores oficiais da Segunda Guerra Mundial, cujas sequelas ainda perduram. Na época de seu nascimento, seu pai, Comendador Manoel Francisco Corrêa Júnior, proprietário de engenhos de erva mate, caíra em desgraça junto ao Imperador, porque havia impresso e distribuído folhetos nos quais pregava a emancipação da então Comarca de São Paulo e criação da Província do Paraná.
Ou, quase certeza, fragmentos de luz e de espírito empreendedor bafejaram o menino Ildefonso.
Aos 12 anos, Ildefonso Correia ficou órfão. Em Paranaguá (onde também se fermentou o Paraná), estudou as primeiras letras, seguindo depois para São Paulo e Rio de Janeiro. Completou o curso de Humanidades no Colégio Fraze, em Nova Friburgo (RJ).
Adolescente, ficou durante cinco anos em Montevidéu, no Uruguai, e em Buenos Aires, na Argentina, adquirindo prática industrial e comercial, e conhecendo melhor os mercados daqueles países, maiores consumidores de erva mate brasileira.
De família abastada, esclarecida e de chefes políticos, com influência comunitária inclusive fora das fronteiras paranaenses, não foi difícil a Idelfonso Correia, um aprendiz com vários talentos, despontar como líder tanto empresarial como político. Aliás, essa combinação o levaria não só ao sucesso como à desdita.
Como empresário, foi um sucesso expressivo tanto como ervateiro assim como madeireiro, desde que montara, em 1872, seu primeiro engenho de erva mate, em Antonina. Seu tino ia longe: tornou-se o primeiro empresário a ter uma firma registrada na Junta Comercial no ramo de importação e exportação, e um dos maiores exportadores de erva-mate do Paraná.
Nesse ramo, introduziu técnicas avançadas em seus engenhos e ultrapassou largas divisas, com os êxitos nos negócios levando-o não só a exportar para países da América Latina, como Uruguai e Argentina, mas a conhecer os EUA e a Europa, onde as marcas de suas ervas ganharam destaque e muitos prêmios em quase todas as exposições de mundo.
Como líder empresarial, em 1889 foi um dos fundadores do Banco Provincial do Paraná, a primeira instituição financeira da província, autônoma e acessível aos comerciantes, pequenos industriais e lavradores, da qual foi seu primeiro presidente. Um ano depois, criou, junto a outros empresários, a Associação Comercial do Paraná.
A companhia dos livros e da política
Na comunidade, foi um dos fundadores da Sociedade Protetora do Ensino, a quem doou um terreno para a construção da Escola Tiradentes, a primeira Escola Complementar de 2º Grau no Paraná; assumiu, nos anos 1880, a tesouraria da comissão que angariava livros para a Biblioteca Pública do Paraná; como presidente honorário da “Sociedade Glória e Harmonia”, fez parte da comissão da construção da Catedral Metropolitana de Curitiba, inaugurada em 7 de setembro de 1893; participou da organização da Pinacoteca Paranaense, das obras do Passeio Público (1886), do qual foi diretor de março a maio daquele ano, na ausência do titular, Francisco Fasce Fontana, e criou, entre outras sociedades recreativas e culturais, o Clube Curitibano, em 1882, do qual foi o primeiro presidente.
Ao mesmo tempo, Correia nunca deixava a política de lado, além dos livros. Ou seja, não era um despreparado que forjava liderança nem empresarial e nem política, mas, ao contrário, a ela se credenciava.
Destacou-se também na política, mesmo teimando que não era um político. Sua trajetória teve início em Antonina, onde, em 1876, foi nomeado suplente de Juiz Municipal. Conservador, sempre manifestou sua simpatia pela Monarquia. Andou recebendo comendas e inclusive visitas, no casarão onde morava com Maria José, chamada de “Coca”, do Conde d’ Eu e sua esposa Princesa Isabel (filha do Imperador).
Como político, Idelfonso Pereira Correia saltitou para lá e para cá. Foi do Partido Conservador, tornando-se, em 1888, membro e presidente da Câmara Municipal, e, ao mesmo tempo, um dos maiores abolicionistas do Paraná. Comprava a alforria de escravos. Na Câmara, ficou encarregado da comissão em prol da libertação de escravos, participou de campanhas de arrecadação em prol dessa causa, realizadas anteriormente à Abolição da Escravatura.
Para se ter uma ideia, Porto de Cima, distrito de Morretes, local onde moravam vários empresários, inclusive às margens da Estrada da Graciosa, decretou a liberação completa dos escravos um ano antes de 13 de maio de 1888.
O líder Correia que, a 8 de agosto daquele ano, receberia da princesa Isabel o título de Barão do Serro Azul, também participou da Comissão de Imigração de Curitiba, que, com uma campanha estimuladora do aumento da vinda de imigrantes para o Paraná, mostrava dois de seus vieses: o humanitário e o utilitário. Além de corroborar com o discurso abolicionista, a maior oferta de trabalhadores livres, inclusive como mão-de-obra para a então incipiente indústria madeireira, demandaria o aumento de consumo e de arrecadação de impostos.
Além de Deputado Provincial, Correia também assumiu o cargo de governador interino no período de junho a agosto de 1888, tornando-se o 25º governador da Província do Paraná. Nessa época, marcada pela instabilidade nos governos provinciais, dois partidos revezavam-se no poder, o Conservador e o Liberal. O Império, desgastado, sentia-se frágil frente à iminente implantação da República.
Quando da Proclamação da República, afastou-se da vida partidária, declarando que se afastava dos grupos políticos “para poder, sem quebra de disciplina partidária, procurar corrigir os excessos dos partidos”.
Simples, assim? Não custa lembrar que o Brasil vivia tempos imperiais, mesmo tendo deixado de ser colônia portuguesa, e, a seguir, tempos republicanos, com interesses para todos os paladares.
Poderia, quem sabe, ser definido como um político conciliador, um articulador para a defesa comunitária.
Esse, talvez, tenha sido seu pecado capital, que não foi engolido por lideranças republicanas tão cantadas em prosa e verso pela História oficial.
O caldo azedo da crueldade
Logo depois da Proclamação da República, nos estertores de 1889, o país entrou em convulsão. Houve tentativa de golpe por parte do Marechal Deodoro; o Marechal Floriano assumiu o governo; houve revolta da Armada no Rio de Janeiro, combinada com o movimento federalista do sul.
A Revolução Federalista cresce e aparece, criando volume no Rio Grande do Sul, onde foi fermentada e de onde eclodiu. Os revolucionários maragatos, liderados pelo general Gumercindo Saraiva, haviam invadido o Paraná, via Santa Catarina. Em 1894, desde as primeiras notícias de que as cidades paranaenses Tijucas e Paranaguá haviam se rendido às forças dos maragatos, contrárias ao governo do Marechal Floriano Peixoto, a liderança do Barão, por sua projeção política, econômica e social, passou a ser exigida quase que naturalmente pelos curitibanos para uma solução mediadora com os revoltosos.
Vicente Machado, então vice-governador do Paraná em exercício, fugiu para Itararé. Correia, um homem de princípios e político conservador, reuniu empresários, levantou um empréstimo de guerra, e, à frente de uma Junta Governativa do Comércio, negociou com Gumercindo Saraiva para que os revoltosos não destruíssem Curitiba. Ele concedeu o empréstimo de guerra aos maragatos e acabou sendo considerado traidor pelo governo de Floriano Peixoto. Trocando em miúdos, um traidor da causa republicana.
A História frisa que no início tudo levava a crer que os Federalistas sairiam vencedores. Engano total: a resistência se espalhou feito pólvora, inclusive na Lapa, houve tempo para reorganização dos republicanos, em terra e em mar, com apoio norte-americano aos florianistas no Rio de Janeiro, e os gaúchos, derrotados, voltaram para o Rio Grande do Sul.
Em Curitiba, com o bloco florianista recebido festivamente nas ruas, o caldo azedou. A 10 de maio de 1894, a cidade voltou à “legalidade” florianista, com desfile do corpo de exército sob o comando do general Francisco Raimundo Ewerton Quadros, que havia vencido os revoltosos em Castro respaldado por forças do governo de São Paulo, que apoiava Floriano Peixoto. Embora a população o tenha recebido aliviada, festiva até, logo se decepcionaria com a repressão que se sucedeu, com os legalistas acusando, prendendo e matando em nome da ordem. Muitos foram presos e acusados de deserção ou traição. Sob a chancela da legalidade, o terror se instalara.
De acordo com o historiador e escritor Túlio Vargas, os florianistas tiveram que usar até mesmo escolas e o Theatro São Theodoro para alojar prisioneiros. A delação e a desforra viraram características de uma cidade que passou a viver sob o domínio do medo e da insegurança.
O militar José Bernardino Bormann, comandante da Fronteira em Chapecó (SC), historiador e presidente do Paraná de 3 de abril a 10 de maio de 1899, chamou esse período de “dias fraticidas”, referindo-se à perda de vidas na esteira da vingança dos legalistas republicanos alinhados ao governo do Marechal Floriano. O “Marechal de Ferro”, segundo vários autores, não economizou crueldade e permissão para fuzilamentos e degolas sem julgamento, estupro de mulheres na frente de seus filhos e maridos, entre outras perversidades, a tal da guerra suja.
Um tiro na testa de um líder
O conciliador Ildefonso Correia sofreu na pele o que o diabo não queria para ele. Sua atuação conciliatória o levaria ao túmulo de forma dramática, acusado de colaborar com as forças rebeldes.
Em princípio, embora se declarasse voluntariamente prisioneiro e confiante nas leis, o Barão do Serro Azul sofreu ameaças de toda sorte e acabou preso em sua residência, sendo transferido para o Quartel da 1ª Divisão, na Rua Pedro Ivo.
Seu prestígio era inegável: no seu primeiro dia na prisão, recebeu a visita de mais de 300 pessoas, apesar do medo que dominava a população. Os visitantes, de todas as facções políticas, o aconselhavam a fugir da cidade, mas ele se negou, dizendo confiar em um julgamento no qual pudesse provar sua inocência e bons propósitos. Essa demonstração clara de liderança, expressa no número de visitantes, levou o comando militar a transferi-lo para outro quartel. Foi parar no 17º, na Rua América, e mantido incomunicável.
Segundo carta enviada pelo alferes Joaquim Freire ao Diário da Tarde, em 1926, “documentos colhidos pela comissão inquiridora formada pelo general Quadros demonstram as responsabilidades dos chefes civis mais graduados” e que o Barão, “de tendências monarquistas”, não apenas teria enfraquecido o ânimo dos curitibanos para a resistência, induzindo o general Pêgo a fugir, como teria oferecido dinheiro a Gumercindo para vir “salvar o Paraná”, sob a falácia de “empréstimo de guerra”.
Na noite de 20 de maio de 1894, um domingo, Ildefonso Correia e mais cinco pessoas (seu primo Presciliano Correia, afeiçoado ao federalismo, José Joaquim Ferreira de Moura, tesoureiro da Delegacia Fiscal do Paraná, Rodrigo de Mattos Guedes, caixeiro-viajante que teria sido entusiasta do federalismo, Balbino Carneiro de Mendonça, comerciante, dono de uma sapataria, que demonstrara simpatia à causa revolucionária, e o delegado José Lourenço Schleder) foram informados que seriam transportados de trem até Paranaguá.
O Barão estava confiante de que saíra da prisão para ser julgado no Rio de Janeiro. Na altura do quilômetro 65 da Estrada de Ferro Curitiba-Paranaguá, a composição freou bruscamente, às margens de um despenhadeiro. Os prisioneiros foram obrigados a descer do trem e fuzilados barbaramente no Pico do Diabo, sem chance de se defender. Ildefonso Correia recebeu primeiro um tiro na perna e caiu de joelhos. Propôs então dividir sua fortuna com os oficiais da escolta se fosse poupado, porém a segunda bala o atingiu na testa
A dúvida sobre o mandante do crime persiste até os dias atuais, embora pese sobre o general Ewerton Quadros e os alferes Joaquim Freire e Ataliba Lepage a responsabilidade pela prisão e pela ordem de fuzilamento. De acordo com o historiador Rocha Pombo, fatos como o fuzilamento na Serra do Mar teriam ocorrido pela necessidade de a “República impor-se”, mesmo que por meio de sacrifícios e assassinatos. Rocha Pombo acusa o governo estadual, na figura de Vicente Machado, de omissão e de ter agido “com a paixão do partido (…), não matando criminosos: matando adversários”.
Em 1895, Vicente Machado foi eleito senador da República e, em 1904, presidente do Estado. As dúvidas sobre sua participação (direta ou indireta) na morte do Barão do Serro Azul ainda dividem historiadores e especialistas. Segundo o historiador David Carneiro (1904-1990), seu avô, David Antônio da Silva Carneiro, sócio e grande amigo de Ildefonso Correia, culpava Vicente Machado e o Marechal Floriano Peixoto pela morte do Barão do Serro Azul. Mas, apesar de acreditar que o Marechal Floriano quisesse punir seus adversários, teria sido o alferes Joaquim Freire quem escolhera, arbitrariamente, o Barão e seus companheiros como vítimas fatais.
A História, ainda na penumbra
A história do Barão do Serro Azul foi praticamente banida no Paraná por mais de quatro décadas, seus atos foram suprimidos da história oficial do Estado, documentos foram arrancados, referências apagadas, e qualquer discussão sobre sua execução sumária e de seus companheiros era evitada. A sua residência em Curitiba foi transformada em quartel do Exército, com a baronesa e seus três filhos tendo que morar em um anexo.
Mesmo resgatada a partir dos anos 1950, sua história e os fatos contemporâneos ficaram restritas a um número pequeno de paranaenses e ainda é pouco conhecida, apesar da existência da Lei nº 11.863, de 2008, que inscreveu o nome de Ildefonso Pereira Correia no Livro dos Heróis da Pátria.
A História brasileira, para se legitimar à Luz dos Pinheirais, ainda precisa ganhar o lume dos livros do Barão, lidos na biblioteca de seu casarão, para o conhecimento e a difusão dos episódios marcantes dessa época nas escolas e bibliotecas não só paranaenses, mas de todo o país.
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Nilson Monteiro é o quarto ocupante da cadeira n° 28 da Academia Paranaense de Letras. Nascido em Presidente Bernardes (SP), em 1951. Reside no Paraná desde 1964. É autor, entre outros livros, de Simples (poesia), Curitiba vista por um pé-vermelho e Pequena casa de jornal (crônicas), Itaipu, a luz e Ferroeste, um novo rumo para o Paraná (reportagem), Madeira de lei (biografia) e Retalhos na Pandemia (crônicas e poemas). Em 2013 lançou seu primeiro romance, Mugido de trem. Vive em Curitiba (PR).
SÉCULO XVI
- Descobrimento do Brasil
- Ocupação do território paranaense pelos espanhóis e primeiros confrontos com os índios. Cacique Guairacá, um primeiro herói.
- Expedição de Dom Álver Núnês Cabeza de Vaca descobre as Cataratas do Iguaçu seguindo o caminho de Peabiru, em 1542.
- Em 1554, é fundada a Ciudad Real Del Guairá.
SÉCULO XVII
- Instalação de 24 reduções jesuíticas com o objetivo de catequização dos povos indígenas do Paraná.
- Início da criação de gado e primeiras plantações.
- Fundação de Paranaguá em 1648.
- Fundação de Curitiba, em 1693.
SÉCULO XVII
- O Paraná existe na forma de 5° Comarca de São Paulo.
- Grande fluxo de chegada de imigrantes portugueses no Paraná, incluindo os patriarcas das famílias Pereira e Correia, antepassados do Barão do Serro Azul, que instalaram-se em Paranaguá.
"Paraná: Terra de Todas as Gentes"
SÉCULO XIX
- Nascimento de Ildefonso Pereira Correia, em Paranaguá.
- Em 1853, ocorre a emancipação da província do Paraná, que até então era território de São Paulo.
- Proclamação da República por golpe militar.
- Morre o Barão do Serro Azul, executado durante a Revolução Federalista.
- Intensificação do fluxo migratório europeu para a formação da identidade paranaense.
SÉCULO XX
- O Paraná se apresenta como uma das potências nacionais, com a fundação da Universidade Federal do Paraná, em 1912.
Getúlio Vargas assume o poder durante a Revolução de 30.
O Brasil sofre o golpe de Estado de 1964 e o regime militar é instituído.
Promulgada a Constituição de 1988, um marco da democratização brasileira.
SÉCULO XXI
- Em 2010, Ildefonso Pereira Correia passa a compor o Panteão dos Heróis da Pátria.
- O Paraná é agora um dos 5 estados brasileiros mais desenvolvidos e produtivos.
- As Cataratas do Iguaçu são agora o 2° destino turístico mais visitado do Brasil.
- Em 2013, o Paraná celebrou 160 anos de sua emancipação.